Geralmente costuma dizer-se que "é a falar que as pessoas se entendem!" e eu pergunto: Será mesmo?
Hoje fala-se tanto, por telefone, tecla-se em chats, posts, blogues, messenger, ... enfim uma parafernália infinita de mecanismos, dispositivos e não me parece que as pessoas entendam-se.
Talvez leve-se muito à letra o "falar" e esquecemo-nos que ouvir, ou saber ouvir, é muito importante!
Ouvir mais que palavras, ouvir sentidos, sentimentos que não se expressam, em palavras, mas "ouvir" o muito que se diz com os olhos, com um trejeito dos lábios, com o gesto das mãos.
Também é preciso saber ouvir o silêncio, o muito que se diz quando não se ouve nada, quando os lábios cerram, os ombros descaem e o pescoço curva!
Ouvir o silêncio, aquele que se dá antes do choro, o que antecede ao "Desculpa!"
Ouvir o silêncio da tua mão na minha, o silêncio presente quando o meu olhar se perde no horizonte do passado, sempre presente!
Ouvir o silêncio enquanto sintonizamos músicas diferentes!
Ouvir o silêncio no espaço dos nossos lábios antes de se encontrarem, no enfadado beijo!
Ouvir o silêncio da intenção do coração, o silêncio da nossa intimidade amordaçada!
Ouvir o silêncio da mente distraída, do olhar que passeia vago.
Ouvir o silêncio da relutância em voltar pra "casa", o silêncio do suspiro que se perde no cinzento céu!
Ouvir o silêncio do abraço morno, no arfar dos nossos corpos suados...
Ouvir o constante silêncio da nossa solidão acompanhada, antes que nos ensurdeça!
Morgaine Wordsworth, Fevereiro 2011
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