segunda-feira, outubro 16, 2006

Adeus Tornado

Adeus Tornado

«Tão breve a tua existência, tão ténue era o fiozinho que segurava a tua vida...
Desculpa-me não ter feito nada por ti, não enumero as razões porque quando se perde uma vida
nada há que justifique não se ter feito nada por ela.
Tiveste uma única oportunidade, agarraste-a
mas não dependia só de ti o outro lado falhou e tu acabaste por partir prematuramente.
Mas algo que o outro lado não sabe, tu o sabias!:
é que também foi a sua única oportunidade... e falhou!
De hoje em diante, nada do que fizer valerá a pena
revelado o verdadeiro carácter (ou a falta dele, quiçá!)
invalidará qualquer outra acção!
Perdeu-se a chance única de descobrir como tu poderias lhe ter enriquecido não só a vida,
mas também o espírito! Hoje tornou-se o mais pobre e miserável dos homens ... equiparado aqueles que tendo na sua mão a capacidade, preferem deixar morrer milhões de crianças á fome todos os anos... Não sabias pois não Tornado, que nós “humanos” temos destas coisas entre nós...
Ontem quando olhei a última vez para ti e tu lentamente olhaste para mim,... na minha cabeça martelaram as palavras:

“...A minha vida é como se me batessem com ela. (...) Entre mim e a vida há um vidro ténue. Por mais nitidamente que eu veja e compreenda a vida, eu não posso lhe tocar. "

Os teus olhos mais que a doença, falavam do abandono de como te sentias só ... vendo a vida a correr e tu a ficares para trás, enterrado, antes de estares morto!
Com o tempo, dizem que a dor é atenuada, e só nos lembramos dos bons momentos, mas foram tão poucos contigo ... (como aquela recordação de um dia quente de verão que tomaste banho e depois como tiritavas de frio, fomos jogar á bola, lembras?! ‘Tavas um querido!)
Mas contigo vai ser diferente, porque contigo as coisas foram mal resolvidas, por isso sei que quando me lembrar de ti a primeira recordação será a última imagem tua, ali sentado fraco, a vida se esvaindo a cada respirar...
Mais uma vez lamento não ter feito mais, sei que não eras meu, mas morreste; que desculpas posso arranjar para não ter feito nada?
Ficarias contente por ver o tributo que o tempo te prestou (?) ontem á noite choveu, choveu, choveu... água doce que se fundiu com as minhas lágrimas salgadas, numa muda despedida! Hoje brilhava novamente o sol... mas tu já não o viste...

Adeus Tornado, Tornadinho, que em chuva tropical te tornaste, intenso mas efêmero!»


2006/10/02

4 comentários:

Marta disse...

Tão bonito! é teu?

mjmgnunes disse...

Sim! Escrevi para me despedir do Tornadinho (o cocker do meu cunhado) que morreu no dia 2! Pensava que assim ajudava a passar, mas quando leio nem consigo acabar porque fico com a vista turva (lágrimas!).
Ver o animal sofrer daquele modo e ninguém fazer nada...

mjmgnunes disse...

O mais "interessante" é que quando saí de manhã para o trabalho nesse dia, ele ainda estava lá na sua casota (tadinho!) ... com o passar do dia foi me dando uma tristeza e derrepente comecei a escrever pra desfazer o nó da garganta... quando cheguei em casa nesse dia, ele já lá não estava! Nem perguntei nada a ninguém; tb ninguém me disse nada... A minha cara não permitia comentários, percebes... ninguém se atreveu até hoje dizer nadica de nada; ainda bem!
No post coloquei fotos dele, mas não sei porque não ficaram (talvez o texto fosse muito longo?).
Assim que possa posto as fotos, era um "quidusco", mas teve duas infelicidades nascer doente e ter o dono que teve...

Fica bem!
E obrigada por teres dito que era bonito!

Marta disse...

Houve muito sentimento nas palavras, tenho pena.
Mas existem donos que não merecem nem ter vida de cão!